Published by Lélio Alquimista do Imortal under on 09:41
Lélio estava para entrar na Catedral de Saint Rolmen para clarear as idéias quando teve a
impressão ao subir as escadarias que uma das estátuas gárgula retribuíra seu
olhar. Curioso, ele sentou no banco
costumeiro e refletiu “Um dos protetores
mais antigos do Bem me olhou e por quê? Será que precisa da minha ajuda?”. No
mesmo momento um pedaço de pedra caiu sob seu colo, e ao tocar na pedra ele
ouviu em seu intimo “Volte na volta”. “Meia noite” ele concluiu, então saiu
apressado da catedral. Meia noite, ao chegar na catedral, versou os lados
e seus olhos não podiam ficar mais
maravilhados, uma gárgula da catedral lançou-se ao ar e voou aé perto dele.
Olharam-se nos olhos, Lélio não sabia o que dizer. O gárgula em uma voz
poderosa disse “Não se acanhe Lélio, não tenho nenhuma missão para você“. Lélio
sorriu e disse “Como sabe meu nome?” e a estátua respondeu “Sou um guardião e
você também quer ser um, seu nome subiu até meus ouvidos, mas sabe que não
posso ajudá-lo com isso, é seu dever ter frutos a sua própria mão e maneira.”
Lélio ainda aflito perguntou “E o que queres de mim?” “Sou Cersis, guardião
eterno do Bem e da Fé. Sei do seu coração, não preciso querer algo para vir a
ti, mas sei que quer algo no seu íntimo que posso lhe dar” e sorriu uma fileira
longa de dentes de pedra escondidos na feição quase imutável de gárgula. Lélio
sorriu de volta encantado com a beleza bruta de Cersis. Suas asas de pedra repousavam
atrás dele arqueadas. “E eu preciso mesmo dizer, me encabulando totalmente o
que em meu pífio ser espero de ti, Cersis?”. O gárgula gargalhou e disse “Aproxime-se
Lélio acanhado. E tenha forças nos braços”. Lélio foi até ele que virou-se de
costas abrindo as asas amplamente. Lélio agarrou firme os braços em volta do gárgula
que arcou as pernas e pulando levou Lélio para voar. Contornaram a catedral, e
Cersis foi ao alto, acima das nuvens. Lélio nunca fora tão feliz com algo.
Quando pensou em aprender um encanto para voar Cersis lhe disse “Não estou lhe
recompensando por ser um homem de Bem Lélio, estou apenas despertando o desejo
que já é seu de servir ao Bem. E não tenho meios para fazê-lo voar, porém nunca
esqueça que o Bem também deve parar para contemplar a beleza. E não há nada
mais belo de se contemplar do que um sonho realizado. Aproveite” “Isso quer
dizer que não vai voltar a me levar para voar?” “Não pretendo” disse Cersis. “E
nem para conversarmos, não aparecerá?” “Tudo que sei consiste em segredos, não
tenho conversas miúdas” “Mas como vou saber sua segunda cor favorita?” “E quem
disse que cinza é a minha cor favorita, já sou cinza” e riram “Eu achava ser
bom em adivinhar a cor favorita das pessoas, dos seres, mas...” “Você está
certo também, a segunda é realmente vermelho” e riu alto dando um mergulho para
baixo; estavam sob o oceano. Voavam bem próximos a superfície e Cersis espirrou água
deslizando os dedos sob o mar. Lélio apertou forte e sorriu “Me privar de ver
você já o faz um gárgula não tão bom assim, eu já ouvi da fidelidade que
gárgulas criam com pessoas para quem se revelam” “Isso soa como se eu fosse um
cão, Lélio”. Lélio sente seu rosto avermelhar e vai se desculpando, quando
Cersis o interrompe e diz “Se houver outro dia entre nós, eu o avisarei em uma
de suas visitas a catedral” “Não devia ouvir meus pensamentos, como sabia que
intento ser um...” “E quem disse que eu fico ouvindo? Eu só penso na verdade”.
Foram assim conversando e voando até que os braços de Lélio fraquejaram e
voltaram para a catedral. “Amanhã estarei aqui no mesmo horário, não me evite
por favor, pois...” e ficou sem saber o que dizer. Cersis nada disse, apenas
olhava Lélio com olhos cinza e brilhantes. “Amanhã não espere que um gárgula
venha o agradar, isso nunca acontece” sorriu para Lélio e voltou para o seu
lugar de estátua no alto da catedral. Lélio se afastou e gritou “Amanhã” e
virou-se de costas quando recebeu um pedregulho lançado a sua cabeça, voltou-se
para a catedral e viu um olho piscando no gárgula.
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