Lélio Alquimista do Imortal

Published by Lélio Alquimista do Imortal under on 11:32

Lélio voltou na catedral exatamente a meia noite. Ficou olhando para o gárgula mas esse não deu sinal nenhum de estar o observando de volta. Contrariado, Lélio sentou-se na escadaria e repousou a cabeça na balaustrada. Havia uma brisa quente naquela noite, e o cheiro do jardim da Saint Rolmen se espalhava pelo ar. Começou a ser tomado pelo sono na medida em que o tempo passava, e nada de Cersis se manifestar. Quase dado por vencido, ele levantou-se, olhou pela última vez para o gárgula, e sorriu esperando algo. Nada. Cabisbaixo ele se encaminhou para as calçadas quando recebeu uma pedrada na nuca. Voltou-se rindo, mas o gárgula estava tão parado quanto antes. Lélio olhando para Cersis começou a cantarolar uma antiga canção que conhecia “Pois eu non ei meu amigo, non ei do que desejo, mais, pois que mi por vós veio, que o non vejo, no ajude-la mia graça e dê-vos Deus, ai meu amigo, amigo que vos assim faça, amigo que vos assi faça” e olhou para Cersis. Nada. Ele cantou o mesmo verso um pouco mais alto, e assim foi até quase estar gritando os versos da cantiga quando o gárgula mudou sua expressão para uma seriedade tremenda. Lélio parou de cantar e disse “Ainda tenho a noite toda para cantar a ti” quando sentou-se no mesmo lugar da escada e ficou a berrar a cantiga. “Já pode parar” ele ouviu atrás de si. “Você é insistente Lélio” “Desculpe, queria falar-lhe de novo” “E falar o que, me pergunto?”. Lélio se viu sem resposta olhando fixamente nos olhos de Cersis. O mesmo sorriu, e lhe deu as costas abrindo suas asas de pedra. Lélio disse “Não vim para voar” “E não vamos. Venha”. Lélio segurou-se em Cersis, que pulou e pousou no teto da abadia, em um lugar aonde não se via do chão da catedral. “Sabia que aquela cantiga era de um trovador?” perguntou Lélio.”Eu já havia ouvido, não tão mal cantada, mas a conhecia” e riram. Lélio disse “Vou falar com os Guardiões amanhã sobre minha significação imortal”. Cersis alegrado com a notícia diz ”E o que prefere, lutar nos portais para o mal não atravessar, proteger benfeitores, guardar uma entidade do mal, quebrar maldições, ser guardião de um santuário, desenvolver sortilégios contra o mal... Há muito que se fazer com a significação imortal. Tudo com uma coisa em comum: perigos.” ”Eu estou tentando não desenvolver nenhuma preferência, quero estar aberto ao melhor quando chegar até os Guardiões. As que me disse e todas que existem, quais funções um gárgula tem?” “Protetor de santuário, cuidador dos homens de bom coração com grande fé, e também protejo o portal da Saint Rolmen.” “O que dizem é verdade, que gárgulas em suma não gostariam da vida...” Lélio hesitou. “Não gostariam de deixar de ser de pedra?” Cersis pausou por alguns momentos e disse “Só perdemos nossa paixão pelo corpo de pedra quando estamos amando”. Lélio surpreendeu-se e abriu seu coração dizendo que gostara muito de Cersis logo quando o olhou pela primeira vez, mas Cersis mudou o assunto e continuaram a falar sobre a significação. Cersis perguntou dos elementos preferidos de Lélio, e contou dos seus. Falaram sobre as forças da natureza, e o equilíbrio que envolvia as criaturas imortais, todas com um papel na evolução do mundo. Conversaram sobre toda sorte de coisas até que Cersis disse “Também gostei de você Lélio, mas não admito machucar seu coração.” “Você nunca conseguiria Cersis.”

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